Luto e Melancolia São Diferentes?

Sim, são estados emocionais diferentes. O luto é um conjunto de reações que ocorre conosco todas as vezes que estamos diante da perda real de alguém ou de um animal (por morte) ou por perdas que promovem mudanças muito significativas em nossas vidas, como a perda de um emprego, a mudança para outra cidade ou país, término de um relacionamento, uma doença grave ou enfermidade que reduz nossas atividades cotidianas, entre outras situações que acontecem ao longo das nossas vidas.

Já a melancolia é um estado emocional mais intenso e prolongado, em que a pessoa vive e sente que seu próprio EU foi perdido diante da perda de alguém ou de situações de mudanças intensas ou bruscas. Além disso, o luto é considerado um processo normal e necessário diante da perda de alguém ou de uma situação de mudança muito importante.

Vale salientar que estas reações (físicas e emocionais), são normais e necessárias, para que nosso corpo e nossas emoções se adaptem a novas situações para que possamos seguir em frente. É preciso elaborar o luto, e se nessa fase tiver o apoio de um profissional, fica mais fácil atravessar esse período, que é inevitável. Na melancolia, essa vivência emocional resulta em maior gravidade do ponto de vista da saúde mental, inclusive podendo ser comum o aparecimento de ideias suicidas.

Tanto no luto como na melancolia, podemos observar sentimentos como tristeza, desânimo, ansiedade, dores no corpo, mal-estar geral, e até de desesperança em dias melhores, depressão. Muitos de nós acreditamos que após algumas perdas, não seremos mais capazes de sentimentos de alegria, prazer, voltar à rotina normal, ter esperança e gosto pela vida.

Achamos até mesmo que não vamos mais conseguir amar e cuidar de nós e das pessoas que ficaram. Na melancolia, a pessoa não consegue lidar com a perda e seguir em frente. Ela se recrimina, sente-se impotente e sem importância para ela e para os outros, regredi a situações muito infantis de sua vida emocional, não vê possibilidades de sair desta situação de sofrimento em que se encontra, fica presa à pessoa que perdeu, e mais importante, vive inconscientemente uma grande ambivalência de sentimentos de amor e ódio em relação à pessoa perdida, sem nunca ter percebido estes sentimentos.

É importante para sua saúde mental, vivenciar os processos de luto. Vivenciando estes processos, que vão acontecer ao longo de toda nossa vida, “testamos” nosso recursos emocionais conquistados até aqui. Experiências prazerosas como sentimentos amparados acolhidos, o, compreender e elaborar sentimentos hostis por nós mesmos e pelos outros, vão nos ajudar a fazer frente às reações de perdas.

A conquista de recursos emocionais, a capacidade de elaboração e ressignificação da vida diante das perdas, são as ferramentas que temos para sofrer de modo menos intenso diante das dificuldades no decorrer da nossa vida.

Mesmo que a gente tenha experiências de perdas tão difíceis, sentimentos aterrorizantes, dilacerantes, como se estivéssemos sendo rasgados, despedaçados, diante da tristeza e da desesperança que nos consome, é possível atravessar estes momentos e ressignificar nossa vida, seguir em frente e fazer coisas valiosas para nós mesmos/as, encontrar novos prazeres, melhorar nossa qualidade de vida e nosso relacionamento com as pessoas, encontrar novos sentidos e descobrir coisas sobre nós que serão valiosas para enxergar novas possibilidades para questões que parecem não ter saída.

Se você estiver passando por um processo de luto ou se percebe como uma pessoa melancólica e está percebendo e/ou sentindo dificuldades, procure um psicólogo ou um psicanalista. Faça deste momento, em que você não pode mudar a realidade, uma oportunidade para criar novos recursos emocionais para lidar com momentos difíceis, aprender a lidar com afetos que te parecem desagradáveis, desorganizadores e aterrorizantes. Você até mesmo poderá encontrar novos rumos e oportunidades.

A psicologia e/ou a psicanálise, utilizam técnicas e metodologias de intervenção, com objetivo de contribuir com a diminuição do sofrimento psíquico das pessoas, através da interação entre paciente e profissional, com critérios éticos bem definidos.

Psicóloga
Renata Galli Barbosa
Formação
Universidade Paulista, São Paulo SP.
Conselho Regional de Psicologia
CRP 06/40.563-3
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